domingo, 8 de novembro de 2009

Sharkey não veio para explicar, mas para confundir

Sharkey em seu último post continua a reunir argumentos para confundir seus leitores e assim influenciar a mídia internacional. O pobre Sharkey, diz ele, agora está sendo vítima de uma perseguição injustificada ao ser submetido a um processo (veja aqui) por injúria aos brasileiros e estaria sendo cerceado no seu livre direito de expressão. Segundo, diz ele, "(...) aparentemente porque eu desafiei vigorosamente as autoridades brasileiras em sua deplorável pressa em imediatamente criminalizar o acidente (contra todos os protocolos da aviação internacional) para encobrir e se omitir em endereçar a principal causa do acidente (erros operacionais e sistemáticos no controle de tráfego aéreo brasileiro sobre o Amazonas), e fazer de bodes expiatórios dois pilotos que trouxeram o jato executivo americano severamente danificado em uma aterrissagem de emergência no Amazonas comigo e outros passageiros a bordo".

Não, não é por isto Sharkey está sendo processado, e mais uma vez ele procura reunir argumentos desconexos para iludir seus leitores. Ele está sendo processado pelos mesmos motivos que dei início a este blog. Desde o acidente ele se dedicou a coletar "erros operacionais e sistemáticos do controle de tráfego aéreo brasileiro" para induzir a opinião pública que eles tivessem provocado o acidente. Tem se dedicado também a informar toda sorte de problemas políticos, econômicos e sociais brasileiros, e chega até mesmo a destacar em seu blog a criminalidade brasileira. E ele não mente sobre estes evidentes e conhecidos problemas brasileiros. A grande mentira criada por Sharkey é tentar atribuir a estes problemas a causa do acidente. Mais do que isto, ele cria uma atitude internacional desfavorável ao Brasil para desqualificar o julgamento a que estão sendo submetidos os pilotos americanos.

Ao invés de defender o comportamento dos pilotos, indefensável por sinal, Sharkey tem se dedicado a ofender as organizações brasileiras e aos brasileiros de modo geralizado. Com isto quer criar uma atitude favorável da mídia internacional para com os pilotos americanos e contrária a justiça brasileira de tal forma a excluir a responsabilidade dos pilotos neste acidadente e de sua companhia aérea por tê-los escalado para este voo. Em outros contextos não se poderia recriminar a atitude de Sharkey e seu direito de livre expressar, mas neste caso ele é uma testemunha de um crime, já que estava na aeronave que provocou o acidente. Ao invés de descrever os eventos simplesmente, manter um grau de isenção, defender os pilotos se assim o desejar, ofende e quer desqualificar as autoridades que investigam e julgam responsabilidades no acidente. Sharkey não defende os pilotos, ele ataca a justiça e autoridades brasileiras. Se ao invés de injúrias e difamações, utilizasse argumentos lógicos e racionais, não estaria sendo processado.

Não se pode considerar Sharkey como um jornalista que está tendo seu direito de expressar cerceado. Sharkey veio ao Brasil com despesas pagas pela Excelaire e Embraer, dona e fabricante do Legacy respectivamente. Com base neste patrocínio, que permite escrever suas matérias favoráveis a estas empresas, ele recebe sua remuneração dos jornais. Seu trabalho, neste episódio pode ser caracterizado como de assessoria de imprensa e não de jornalista. Quem pode garantir que este patrocínio não se manteve após o acidente? Quem pode garantir que seu blog não é materia paga disfarçada? Quem pode acreditar em quem tem sua remuneração proporcionada pela empresa envolvida no acidente? Portanto Sharkey não pode ser considerado de forma alguma um jornalista isento que cobriu um acidente aéreo, como tem dito pela imprensa em seus artigos. A Excelaire, com certeza, está adorando seus comentários e com certeza saberá como agradecer e retribuir. O blog de Sharkey se insere em uma ferramenta extremamente eficiente de formação de opinião que é a utilização da internet de forma subrrepticia. Meu blog foi criado a partir da censura e manipulação dos meus comentários em seu blog e a censura que sofri em inúmeros fóruns de discussão, simplesmente por escrever o que vocês lêm aqui. Sharkey curiosamente não publica comentários racionais e serenos, mas não deixa de publicar ofensas de brasileiros.

Seu argumentos são completamente inverídicos. Ele se coloca contra a criminalização dos acidentes aéreos como se a descriminalização em eventos com perdas de vidas humanas fosse possível em algum lugar do mundo e, também, que a criminalização ferisse os protocolos da aviação internacional como diz literalmente. Aqueles que defendem estas argumentações, se apóiam no Anexo 13 da ICAO, que estabelece que as investigações conduzidas pelas autoridades aéreas não tem como finalidade apontar culpados e sim as causas dos acidentes, e desta forma, aprimorar a segurança aérea. Isto, de modo algum significa que acidentes não devam ser criminalizados, diz apenas que os objetivos das investigações são distintos e é absolutamente natural que assim o seja. O objetivo do CENIPA e NTSB não deve ser confundido com os objetivos da investigação criminal e que é obrigatória em qualquer acidente no qual haja perdas de vidas humanas. Comete prevaricação a autoridade policial que não investiga acidentes com risco a vida, sejam aéreos ou qualquer outro. O que Sharkey chama de "pressa de criminalizar" não é nada mais do que a obrigação jurídica de qualquer país em que prevaleça a justiça nas relações entre seus cidadãos. Além do que, é insano, para não dizer ignorância, dizer que "protocolos da aviação internacional" poderiam estabelecer o que pode ou não ser criminalizado. A lei não é estabelecida por "protocolos" de organizações não governamentais. Daqui a pouco, a Associação Internacional de Motociclismo vai querer estabelecer "protocolos" de que não se deve criminalizar acidentes de motocicletas. Isto não só demonstra profundo desconhecimento legal, mas desconhecimento da organização dos estados democráticos.

Os pilotos do Legacy estavam voando na "contramão", com o transponder, o instrumento que fornece a altitude da aeronave para o controle de tráfego aéreo, desligado. Alguém tem alguma dúvida que os pilotos não deveriam ser retidos para darem explicações? Alguém tem alguma dúvida, só por estes fatos, que os pilotos não deveriam dar explicações detalhadas para este comportamento? Alguém duvida que só por estas evidências não se deveria iniciar imediatamente uma investigação criminal? Estariam eles sendo submetidos a alguma forma injustiça? Claro que não. Em qualquer outro país, uma tripulação que não observa um instrumento fundamental para a navegação aérea, mantendo-o por distração desligado por uma hora, estaria na cadeia imediatamente, não importa as razões de seu desligamento e não importa os erros do controle de tráfego aéreo.

Sharkey, desde o acidente, não justifica com uma frase sequer, porque os pilotos não se prepararam para o voo. Não tem uma frase sequer para justificar que os pilotos tenham ficado por quase uma hora com um notebook a frente do painel da aeronave, desligando involuntariamente o transponder e não terem monitorado os intrumentos. A gravidade desta falta de consciência situacional ficou evidente agora com o incidente do voo Northwest 188 (veja Dois pesos e duas medidas), com a perda imediata dos direitos de pilotar dos pilotos. Embora não se canse de falar em erros operacionais e sistemáticos do controle de tráfego aéreo, não foi capaz de apontar convincentemente qual foi o erro responsável por provocar o acidente, escondendo-se em frases como "os pilotos seguiam estritamente orientações do controle de tráfego aéreo". Mas todos nós sabemos que o erro cometido pelo controle de tráfego aéreo de não ter solicitado que o Legacy descesse em Brasília para o nível planejado foi induzido pelo desligamento do transponder. Este evento fez com que os controladores, desconhecessem a altitude real da aeronave, acreditassem que o Legacy já estaria seguindo o plano de voo planejado. Isto é completamente diferente do que dizer que os controladores os colocaram em rota de colisão com o Boeing.


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Para quem quiser se divertir com alguns dos muitos comentários de Sharkey, revejam os posts abaixos (tenho certeza que os familiares das 154 vítimas não acham engraçados):

“Brazil's air travel system is in chaos again, another consequence of the hopelessly botched investigations into the Sept. 29 crash by the Brazilian military, the Brazilian Congress and the Brazilian Keystone Kops ... I mean, Federal Police”.
O.K., Back in the Game; Another New Air Travel Crisis

“More legal notes from Down the Rabbit Hole......let me note that the National Transportation Safety Board in the United States knows exactly what happened, and is sitting on its hands pleading "procedure" while the Brazilian legal travesty continues”.
Verdict Is In; Investigation Continues. Notes From Last Week

“Quote of the day, uttered by President Luiz Inacio Lula ("Lucky Lula") da Silva as he swore in the replacement to Wonderful Waldir Pires, fired yesterday as defense minister, whose duties included running Brazil's (still chaotic) commercial aviation system. (That's Lucky Lula, right, kitted out in his splendid sash like the Generalissimo of the School Safety Patrol)”.
Better He Should Deliver Himself to a Safe Aviation System

“All of the effort went into assigning criminal blame to individuals who were themselves victims of a broken system and a bureaucracy too complacent, or too corrupt, to take responsibility and fix was what clearly broken”.
Rush to Judgment

“Kongressional Kapers”
Kongressional Kapers

“Let's Play Whac-a-Mole”
“Have fun while we wait for the Brazilian congress to emit a gaseous cloud of unfounded accusations later this week”.

Let's Play Whac-a-Mole

“I thought it was soccer, but the Boardwalk arcade game Whac-a-Mole has to be the national sport in Brazil. You whack, or rather pound, the critter into one hole, thinking at least that's been dispatched with. But then -- Whac-a-Mole! -- up it pops up again from another hole”.
...
“I know this situation isn't the least bit funny, but it might help, for comic relief at least, to have a look at the 1939 Three Stooges short, Disorder in the Court”.

Whac-a-Mole Redux

“Boys of Brazil: Stop Fighting This Instant!”
“(Carmen) Miranda Warning: Boys of Brazil: Stop That Name-Calling This Instant!”

Boys of Brazil: Stop Fighting This Instant!

“I hate to trot out the old Alice in Wonderland woodcut again, but the Brazilian criminal court in which the two American pilots are now being tried has taken us, once again, down the rabbit hole”.
Once More Down the Rabbit Hole

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