
Vejam reportagem completa da ABC.
As coisas não são como as notícias querem parecer. De fato o avião parou nesta área de concreto mole, mas o que nos faria acreditar que ele não pararia sobre qualquer outro material? Se observarem a foto do avião verão que os trens de pouso nem chegaram a romper. Que velocidade vocês imaginam que um avião pode estar que ao ser preso pelo trem de pouso ele pára? Muito baixa sem dúvida. Por que o avião pararia em concreto que se esfarela e não pararia em um gramado, ou brita, ou simplesmente areia? Vejam na reportagem da ABC o acidente com um Boeing 737 que ultrapassou o final da pista e matou uma pessoa em um carro. Vocês acham que os acidentes são semelhantes? Vocês acham que o Boeing pararia no concreto mole? Claro que não. São acidentes completamente diferentes, como foi o do Airbus da TAM.
Atualização: Li em um blog que na verdade, neste acidente do Airbus em Chicado, nem mesmo foi o concreto mole que parou o avião. Ele fez uma curva e foi obrigado a passar por cima do concreto mole. Ou seja, todos descrevem o acidente como se o concreto mole tivesse segurado o avião, quando na verdade não é nada disto.
O concreto mole ao final das pistas é uma das maiores piadas da engenharia civil que eu ouvi nas últimas décadas e sua única finalidade é engordar os bolsos de uma única empresa que patenteou a sua construção. Vamos a algumas noções básicas. Os aviões em alta velocidade diminuem sua velocidade através dos seus freios aerodinâmicos e em baixa velocidade, quando deixam de ter eficiência, passam a agir os freios dos trens de pouso. Em alta velocidade não adianta segurar o avião por atrito, porque os trens de pouso, por si só, não têm resistência suficiente para “segurar” o avião. Se aplicarmos muita força nos trens de pouso eles simplesmente se rompem, e o avião desliza de barriga. Como pode ser observado pelas fotos que foram publicadas, este acidente seria mais um entre milhares de casos, que o avião pararia sobre qualquer superfície mole, e não precisaria ser concreto, pois as forças aplicadas sobre os trens de pouso foram suficientes para pará-lo. Já vimos milhares de casos semelhantes e este seria mais um deles. Basta vocês verem como os aviões são parados nos porta-aviões, eles não são retidos pelos seus trens de pouso, mas por sua fuselagem, através de um gancho. Não é possível segurar um avião em alta velocidade pelos trens de pouso. Enfim, a finalidade deste concreto é simplesmente reduzir alguns metros em uma aterrizagem de emergência.
Mas é curioso o tratamento da mídia: porque o avião parou sobre o concreto mole, foi ele o salvador. Ninguém se perguntou se não houvesse concreto mole e fosse um simples gramado o que teria acontecido. Eu respondo: ter-se-ia economizado milhões de dólares.