Neste fim de semana a Veja publicou que a causa do acidente da TAM foi um erro de operação do piloto. Ao posicionar incorretamente a manete que controla o reator direito, que estava com o reverso pinado, o manteve em uma posição que provocou a aceleração da aeronave ao invés de freá-la. Portanto cada vez está mais claro que uma falha mecânica, já conhecida dos pilotos (um dos reversos inoperante), junto com uma falha operacional (posicionamente incorreto da manete diante desta situação) provocou o acidente.
Não é tão importante neste momento se esta análise está totalmente correta , mas já está delineado o cenário de uma conjunto de fatores técnico-mecânicos da aeronave e humanos que provocaram o acidente. O que é mais surpreendente contudo é a conclusão que todos chegam de que o acidente não teria ocorrido se a pista fosse mais longa. Para mim esta é a lógica de que se o fator-A (manete posicionada incorretamente) provoca a situação-B (acidente) diante do cenário-C (pista curta) mas não diante do cenário-D (pista longa) então deve-se eliminar o cenário-C! Isto é ilógico! O que deve ser feito é eliminar o fator-A e evitar que isto ocorra novamente, mesmo porque eliminar o fator-A é extremamente simples enquanto eliminar o cenário-C é quase impossível. Portanto o que deve ser discutido é porque a Airbus, que já havia tido 2 acidentes nesta mesma situação, não tomou medidas efetivas para evitar novamente erros humanos desta natureza?
O que diria os Sr. Joe Sharkey se uma Airbus A320 da JetBlue de Springfieds, ao tentar parar o avião sem um dos reversos, em um dia ensolarado no aeroporto JFK de Nova York, se chocasse com um DC10 da American que estivesse taxiando e houvesse 500 mortes? Ele diria que isto nunca ocorreria porque os pilotos americanos são infalíveis e bem treinados, além disso uma companhia americana nunca deixaria de fazer a manutenção em padrões superiores aos especificados pelo fabricante. Ele só se esqueceria de dizer que nos últimos acidentes mais graves da história houve avião americano que deixou cair a turbina, outro perdeu a leme e outro explodiu no mar sem que até hoje se saiba o motivo (alguns dizem, mas eu considero uma tolice, que foi abatido por um míssil. Os americanos nunca fariam isso).
segunda-feira, 30 de julho de 2007
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3 comentários:
Olá Carlos,
Com o início do processo envolvendo os dois pilotos americanos e a ausência de ambos na audiência no Brasil, copiei no blog notícia do site da Globo.
Com relação a TAM, foi preciso dar tempo para as investigações. E ainda há muito o que esclarecer. Não houve um fator, mas sim uma sequência de eventos que levaram à tragédia. Mesmo a idéia de se criar uma área de escape com areia em Congonhas parece-me ser relevante. Em matéria de segurança, todo detalhe é fundamental. Tudo que possa evitar ou diminuir o resultado de um acidente deve ser aplicado. Abraço,
Carlos
Olá Xará,
Voce disse:
"Mesmo a idéia de se criar uma área de escape com areia em Congonhas parece-me ser relevante."
Também acho, mas em termos de engenharia civil, a pista atingiu seu limite. Neste acidente específico, o dano produzido em uma área de escape seria fatal a todos no avião. Os trens de pouso se romperiam, os reatores romperiam as asas e explosão seriam praticamente a mesma que assistimos. Para este acidente ser evitado bastaria a lógica dos computadores do Airbus ser modificada para acionar os spoilers no caso de uma frenagem manual, mesmo que uma das manetes não estivesse em idle. Até agora eu não compreendi esta lógica dos sistemas do Airbus, e não encontrei a resposta.
Obrigado por seus comentarios.
Em um fórum de pilotos tive a resposta para a minha dúvida: Mesmo com os spoilers armados, o piloto pode estar fazendo movimentos do leme, com o pé, e pisar inadvertidamente nos freios. Em uma arremetida, por exemplo. Se os spoilers abrirem seria fatal. Parece que a lógica tem que ser mais complexa do que sonha minha vã ignorância.
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