Nelson Jobim se junta a Kassab e José Serra para tentar fazer a população de São Paulo de idiota. Reuniram-se para discutir um projeto de ampliação do aeroporto de Congonhas, com extensão da pista no sentido Jabaquara em aproximadamente 1.100 metros. Segundo informam algumas notícias, este projeto teria sido feito pela prefeitura a pedido do Lula. Segundo Kassab, a obra deverá ter um custo aproximado de R$ 400 milhões com desapropriações. Se o valor das desapropriações é este, imaginem o custo das obras de terraplanagem para cobrir o "buraco" no Jabaquara. Ele tem a cara-de-pau de afirmar que a Prefeitura não deve encontrar resistência para as desapropriações porque a maioria dos moradores quer se mudar da região por questões de segurança. "A região está a favor do projeto, 80% da população está disposta a sair de lá". Ainda acreditando na nossa estupidez, dizem que a ampliação da pista não deve implicar aumento da capacidade de vôos em Congonhas, mas deverá ser feita simplesmente por questões de segurança. "Congonhas está no limite", afirmou o ministro Jobim. Mas parece que o que não tem limite é o desejo destes políticos enganarem a população.
Vejam bem, se o problema fosse de segurança, a solução é extremamente simples: reduzam os limites admissíveis de peso dos aviões. Pronto, o problema estaria resolvido de imediato. A pista de Congonhas tem 1.940 metros e a pista do Santos Dumont apenas 1.400 metros, portanto, se há um problema de segurança em Congonhas, é muito maior lá. Estão debatendo no Rio como irão pavimentar o mar? Por que não se fala nada da segurança do Santos Dumont? Porque lá são aplicadas as restrições de peso das aeronaves, assim como atualmente são aplicadas em Congonhas, e lá não estão pretendendo aumentar a capacidade do Santos Dumont. Esta turma está trocando as bolas para confundí-lo. A extensão da pista é a maior que as condições topográficas e do entorno permitem, e depois, segundo padrões de segurança aceitos mundialmente, determinam-se os aviões que podem nela operar e com quais restrições. Qualquer combinação de avião/peso opera nos limites de segurança admissíveis. Em pistas maiores operam aviões maiores, com cargas maiores. Por exemplo, não se operariam Airbus e Boeings no limite de suas cargas no Campo de Marte, que tem uma pista de apenas 1.600 metros, e depois se diria para a imprensa que o Campo de Marte é inseguro e seria necessário ampliá-lo! Isto beira ao delírio! A cada pista podem ser operados os aviões em que a segurança não seja comprometida, isto é óbvio!. Por este raciociocínio estariam comprometidas a segurança dos aeroportos Midway de Chicago e Regan de Washington que também contam com pistas de apenas 2.000 metros.
Portanto, o problema não é de segurança, como estão afirmando, e o que eles estão querendo é sim o aumento da capacidade de operação em relação à situação atual. Eles querem operar com aviões mais pesados e maiores e isto é uma forma de aumentar a capacidade de Congonhas.
Agora, a maior estupidez está no que o Kassab diz ao afirmar que a população está disposta a sair de lá. Pois bem, ele diz que a população que foi morar lá depois da construção do aeroporto, agora se arrependeu, está com medo e está disposta a se mudar. Mas o que vai acontecer com a população que hoje está a 1.100 metros distante da cabeceira e vai ficar colada na cabeceira depois da ampliação? O que vai achar esta população? Muito agradecida a Kassab, sem dúvida. Agora perguntem a esta população que atualmente mora nas cabeceiras de Congonhas se eles preferem que diminuíssem o número de vôos, capacidade e tamanho dos aviões para aumentar a segurança ao invés de serem desapropriados. O que vocês acham que eles dirão?
Não adianta esconder o sol com a peneira. Estes políticos estão querendo mesmo é ampliar a capacidade de Congonhas, agravando ainda mais a situação da população do entorno do aeroporto, simplesmente para atender a pressão das companhias aéreas e ao mesmo tempo receber suas polpudas comissões destas obras faraônicas. Para isto escondem as suas verdadeiras intenções sob o véu do discurso da segurança, porque isto comove a população, amedrontada após o acidente da TAM.
O que a população de São Paulo quer, ao contrário, é o bom senso da redução da capacidade de Congonhas, com aviões menores e mais silenciosos para atenderem somente o tráfego regional, como o que foi e continua sendo feito em inúmeras outras cidades em que os aeroportos se viram cercados pela malha urbana. Não faz sentido Congonhas operar conexões e ter vôos para todo o Brasil. A tendência em todos lugares do mundo não é tirar a cidade à volta do aeroporto e sim diminuir a sua capacidade.
Folha Online – 03/11/2008 - Ampliação de Congonhas deve custar R$ 400 milhões em desapropriações.
Estadão - 04/11/2008 - Ampliação de Congonhas é analisada em Brasília.
terça-feira, 4 de novembro de 2008
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