sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Pilotos da Northwest voo 188 perdem seus certificados

Aqui estão alguns trechos das cartas que cada piloto do voo Northwest 188 recebeu da FAA, e que ultrapassou o aeroporto de Minneapolis por 150 milhas em 21 de outubro, quando os pilotos não fizeram qualquer contato por rádio com o controle de tráfego aéreo por cerca de 90 minutos.

- "Você operou o voo NW188 de forma imprudente, pondo em perigo a vida e a propriedade dos outros."
- (Como resultado do acidente) "lhe faltam as qualificações necessárias para possuir um certificado de piloto de avião."
- "Sua falta de conhecimento que o voo NW188 havia ultrapassado o aeroporto para o qual tinha sido despachado e autorizado, até atingir Eau Claire, Wisconsin (cerca de 150 milhas além de MSP (Minneapolis, St. Paul International Airport) é totalmente inaceitável.
- "Você se envolveu em comportamentos que colocam seus passageiros e sua tripulação em sério perigo ..."

É muito estranha a atitude do NTSB na investigação deste incidente e que levou o FAA a cancelar seus certificados, afinal os pilotos do NW188 não fizeram nada além do que fizeram os pilotos do Legacy no acidente da Gol voo 1907 (ver Dois pesos e duas medidas). Os pilotos da Northwest perderam a concentração porque ficaram com um notebook à frente de seu painel por vários minutos em um momento crítico do voo e não observaram o seu plano de voo. Os pilotos do Legacy ficaram com um notebook à frente de seu painel vários minutos e não observaram que seu plano de voo previa uma descida em Brasília, a qual se esperava que devessem estar se preparando; não observaram que seu transponder foi desligado e que o contato por rádio com o controle de tráfego aéreo fora perdido. Entretanto, no acidente da Gol, o NTSB diz textualmente que “(...) concluiu que não havia provas de violações de regulamentação pelos membros da tripulação”.

Curioso, não é? Será que o NTSB tem alguma tendenciosidade oculta na análise do acidente da Gol? Acho que o NTSB deve algumas explicações aos brasileiros.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Concluido relatório da PF do acidente da TAM

O relatório da Polícia Federal aponta o posicionamento incorreto da manete como a única causa do acidente da TAM. A noticia do Estado, "Para PF, pilotos foram os únicos culpados", diz:
O delegado concluiu ainda que os pilotos da TAM sabiam e sabem como pousar modelos A320, mesmo com um dos reversos inoperante. E que, embora as condições da pista de Congonhas estivessem longe da ideal, não foram determinantes para a tragédia. "Ausente o nexo causal, não há como se imputar responsabilidade criminal a quem não deu causa ao evento", diz o texto.
Em 13/12/2008 eu fiz o post, "Falta justificativa do nexo causal no pedido de indiciamento pelo acidente da TAM", no qual dizia:
O Ministério Público Estadual pediu o indiciamento de onze pessoas por responsabilidade culposa (não intencional) pelo acidente com Airbus da TAM em Congonhas. Este indiciamento é “para inglês ver”. Não terá nenhuma conseqüência. Falta o nexo causal, ou seja, faltam os elementos necessários para se vincular a conduta dos agentes às causas do acidente. Até agora a única e exclusiva causa do acidente apurada pela perícia foi a posição incorreta do manete. Não houve contribuição da pista e nem ao menos o reverso estar pinado ferir qualquer norma técnica.
Parece que eu estava correto.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Dois pesos e duas medidas

Os fatos estão ficando interessantes com este incidente do voo Northwest 188 e o comportamento adotado pelo NTSB. Sobre o voo 188 diz o NTSB:
“Cada piloto acessava e usava o seu computador portátil pessoal enquando eles discutiam o procedimento de agendamento de voo das tripulações. O primeiro oficial, que estava mais familiarizado com o procedimento, estava fornecendo instruções para o capitão. O uso de computadores pessoais na cabina de pilotagem é proibido pela política da empresa”.
A Northwest/Delta diz em nota que:
"Usar laptops ou estar envolvido em uma atividade não relacionada com o comando de uma aeronave durante o vôo é estritamente contra a política de cabine de comando e violações desta política resultará em demissão”.
No acidente da Gol 1907, o relatório do CENIPA diz:
“Às 19:02 UTC, quando o ACC-BS deixou de receber o sinal do Transponder da aeronave, a tripulação discutia parâmetros da decolagem de Manaus e tinha um laptop aberto no cockpit”.
(...)
“Com o N600XL no piloto automático e com os pilotos focados nos cálculos do computador, nenhum deles notou os avisos dos seus RMUs e dos seus PFDs; uma vez que a única atividade no cockpit, minutos antes e minutos depois de 19:02:08Z, é a do PIC e do SIC trabalhando, conjuntamente, no laptop, calculando os parâmetros de pouso e decolagem de Manaus”.
(...)
“O CVR registrou que o laptop foi guardado às 19:13 UTC. Levando-se em consideração só o tempo gravado, foram pelo menos 40 minutos de uso, sem considerar que pode ter sido usado nos 42 minutos de vôo anteriores ao início da gravação”.
(...)
“Como pode ser observado pelas transcrições do CVR, neste período de tempo, onde se tem o registro do uso do laptop, a tripulação teve suas atenções direcionadas para o cálculo de performance, não havendo, por nenhum instante, conversação ou comentários que sugerissem estar o piloto em comando verificando as informações dos instrumentos de vôo em intervalos periódicos. Estas circunstâncias denotam um baixo nível de consciência situacional dos pilotos”.
Curiosamente o comportamento proibido pelas companhias aéreas no momento que houve o desligamento do transponder do Legacy, causa primária deste acidente, não recebeu nenhum comentário do NTSB que agora destaca o seu risco no voo 188. Alguém agora tem alguma dúvida da (não) isenção da análise do NTSB?

domingo, 25 de outubro de 2009

O quê aconteceu com o voo Northwest 188?

Folha Online - 22/10/2009 - Avião com 144 passageiros passa do destino nos EUA; pilotos alegam distração
Globo.com - 23/10/2009 - Pilotos se distraem durante voo, e avião passa 240 quilômetros de seu destino

O que aconteceu com o voo da Northwest 188 até agora ainda não foi explicado, mas demonstra claramente que o Controle de Tráfego Aéreo (ATC) não é o único responsável por onde andam as aeronaves. Adotando a mesma lógica do NTSB (National Trasnportation Safety Board) para a análise do acidente da Gol 1907, como a aeronave estava operando sobre o necessário controle positivo e sobre todas as orientações aplicáveis, os serviços do ATC deveriam ser examinados para determinar os fatores que fizeram a aeronave ultrapassar o ponto onde deveria iniciar os procedimentos de descida.

Trajeto seguido pelo voo 188


Cerca de 30 minutos antes do pouso as aeronaves iniciam os procedimentos de pouso, com o início da descida e o alinhamento para a pista. Estes procedimentos ocorrem sobre estrita determinação do ATC. Sob a ótica do NTSB ao analisar o acidente da Gol, foi o ATC brasileiro que falhou em não fazer com que o Legacy descesse do nível 370 para 360 em Brasília. Então onde falharam os controladores americanos? Não contataram a aeronave? Por acaso ela caiu em um buraco negro? O rádio da aeronave estava desligado? Não havia outra forma de contatar a aeronave? Qual é a explicação para isso? É possível uma aeronave voar nos céus americanos sem contato por rádio com o ATC por mais de uma hora? É possível uma aeronave voar por tanto tempo sem uma clearance? Este evento vem demonstrar que sim, mesmo lá. Ficou claro que uma aeronave pode voar mesmo onde há um dos melhores controles de tráfego aéreo se houver um erro de procedimentos dos pilotos. Ou seja, o acidente da Gol nem de longe se compara a este ridículo e bizarro incidente.

Vocês podem imaginar, por exemplo, que a aeronave não iniciou o procedimento de descida como previsto e poderia perfeitamente uma outra aeronave estar cruzando o espaço aéreo de Minneapolis na mesma altitude que o voo 188 e resultado em uma colisão. Os controladores poderiam não ter percebido a tempo que as aeronaves estavam em rota de colisão e, como agravante, o transponder poderia ter sido desligado. É muito azar para acontecer ao mesmo tempo? Sim, mas seria muito semelhante ao que ocorreu no acidente da Gol. Só que agora, enquanto todos estão responsabilizando os pilotos do voo 188, aqui o ATC foi e continua sendo resposabilizado pelo acidente do voo 1907.

Se adotarmos a análise que o NTSB fez do acidente da Gol, o voo 188 não recebeu a ordem do ATC para descer, logo, a tripulação não fez nada de errado. Ela seguiu a orientação do ATC. Alguém diria, que a tripulação não estava atenta ao rádio. No acidente da Gol, além de não estar atenta ao rádio, desligou sem querer o transponder e nem por isto o NTSB achou que a tripulação havia cometido algum erro.

Se isto tivesse ocorrido em um país civilizado, todos estariam prestando esclarecimentos para apurar o que ocorreu e não demoraria tanto tempo para se saber o que efetivamente ocorreu.


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Atualização em 26/10/2009

No domingo, os pilotos da Northwest Voo 188, disseram aos investigadores federais que perderam a noção do tempo e do local, mas não dormiram, e por isso não responderam às tentativas de contato dos controladores de tráfego aéreo por mais de uma hora.

O NTSB também está investigando se "controladores estavam seguindo os procedimentos adequados" para garantir que os pilotos compreenderam e respeitaram as instruções que lhes foram dadas nas transferências de setores com diferentes frequências de radio.

De qualquer forma fica absolutamente claro que a reconhecida ausência de consciência situacional dos pilotos, muito semelhante ao acidente da Gol, tem feito recair sobre os pilotos do voo 188 toda a responsabilidade sobre o evento ao mesmo tempo que está sendo minimizado o papel do Controle de Tráfego Aéreo. Curioso não? Quando é lá que ocorre, a responsabilidade maior é dos pilotos, aqui é do ATC.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Joe Sharkey agora faz campanha contra as Olimpíadas do Rio

Novo post de Sharkey: Brazil Team Training Hard for New Olympic Event: Synchronized Mayhem. Para quem não conseguiu traduzir, significa: “Time do Brasil Treinando Duro para Novo Evento Olímpico: Mutilação Sincronizada”.

Qual é a graça deste post de Sharkey? Este título lhe parece engraçado, cômico? Muitos poderiam se perguntar por que Sharkey se dedica a fazer uma campanha generalizada contra o Brasil, apontando sua metralhadora giratória para todos os lados? De certa forma pode-se entender, como americano, que se sinta frustrado pela escolha não ter sido por Chicago. Sharkey tem ultimamente se dedicado a destacar a criminalidade do Rio. Não se discute isto, mas isto seria algum motivo tão grave para ela não ser escolhida? Outros países não têm o direito de buscar uma vida melhor para seus cidadãos? A escolha do Rio não pode ser uma excelente oportunidade para a melhoria das condições econômicas de sua população e assim reduzir substancialmente seus índices de criminalidade? Estaria certo, por exemplo, impedir toda a evolução econômica por que passou Chicago nestas últimas décadas porque ela foi o berço dos gângsteres da Máfia?

Obviamente, a preocupação de Sharkey não é com a segurança dos turistas no Rio. A sua intenção persiste na associação que faz, desde o acidente da Gol, entre os problemas de criminalidade e, em consequência, de justiça, com o julgamento a que estão sendo submetidos os pilotos americanos no Brasil. Como já disse em outras oportunidades, Sharkey através de um conjunto de verdades indiscutíveis, como a criminalidade das cidades brasileiras, deseja criar uma predisposição internacional contrária às autoridades judiciárias e governamentais brasileiras e, assim, encontrar eco na mídia e entre aqueles que têm interesses políticos nestas questões. Com isto desvia o foco de atenções que é a responsabilidade dos pilotos pela imperícia ao desligar o transponder; ausência de consciência situacional em trafegar em sentido incompatível com as cartas aeronáuticas e imperícia no monitoramento dos instrumentos. Sharkey não cansa de destacar que o ATC brasileiro colocou o Legacy em rota de colisão com o Boeing, mas esquece-se que foi o desligamento do transponder que levou os controladores a este erro. O erro não começa com o ATC, o erro gravíssimo começa pela tripulação desligando o transponder.

Sharkey não usa seu blog para trazer fundamentos para a defesa dos pilotos, mas sim, para atacar o Brasil e os brasileiros, como se a criminalidade do Rio pudesse contribuir para inocentar os pilotos. Não se pode esquecer que Sharkey não é uma pessoa comum que dá sua opinião sobre os acontecimentos, ele é uma testemunha de uma acidente com fortes indícios de imperícia dos tripulantes e que possui conhecimentos sobre aviação. Tem todo direito de emitir sua opinião e defender quem quer que seja, mas não se pode admitir que uma testemunha faça piadas e ponha em dúvida o poder judiciário e cidadões do país que está julgando o crime. Se o acidente fosse nos EUA, com certeza não se admitiria que uma testemunha fizesse piada da justiça e dos cidadãos americanos. O seu dever moral e ético é defender os pilotos de modo racional e isento. Uma tripulação que desliga inadvertidamente o transponder; por quase uma hora não se dá conta disto e voa em sentido inapropriado em relação ao que está indicado nas cartas aeronáuticas, deve dar explicações muito convincentes para este comportamento.

Desconsiderar os erros da tripulação, aceitá-los como menores e corriqueiros, como fazem Sharkey e o NTSB, só podem ser compreendidos pelos brasileiros como uma ofensa ao bom senso e à razão, é um tapa na nossa cara. E o que significa o título deste post, para nós brasileiros? E qual os efeitos deste post para o julgamento dos pilotos americanos? Ele não está simplesmente querendo fazer piada de nós, ele pretende desqualificar os acusadores para inocentar os criminosos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sharkey constroi uma grande mentira a partir de muitas verdades

Torquato Tasso disse há alguns séculos atrás que "Deve-se cobrir a mentira com um manto de verdade". Nestes três anos que se passaram desde o acidente do voo Gol 1907, Sharkey, com o apoio de toda a mídia, cria uma grande mentira a partir de pequenas verdades. É muito inteligente esta estratégia. Sharkey tem dito, à exaustão, que o Controle de Tráfego Aéreo (ATC) brasileiro é precário, falho, que é um dos únicos no mundo ainda controlados pelos militares, que a Amazônia não tem uma boa cobertura de radares e rádios, que os equipamentos são obsoletos e os controladores não estão preparados adequadamente e que, enfim, os controladores brasileiros colocaram o Legacy em rota de colisão com o Boeing. Além disso, acrescenta, que não ficou provado que os pilotos americanos desativaram sem querer o transponder.

Sim, isto tudo é absolutamente verdade, não há o que se discutir.

Entretanto estes fatores, embora pudessem ter contribuído de alguma forma para o acidente, não foi a causa primária, fundamental, essencial para o acidente. O controle de tráfego aéreo colocou o Legacy em rota de colisão com o Boeing? Sim, sem dúvida. O que explica este erro? A resposta é muito simples: justamente sobre Brasília, quando estava planejada uma alteração de altitude do Legacy, o seu transponder foi desativado. O transponder é o equipamento que informa aos controladores a real altitude ocupada pela aeronave. Os controladores passaram a trabalhar com a hipótese, incorreta a partir deste momento, que o Legacy seguia o plano de voo planejado e que a falta de sinal do transponder fosse uma falha trivial de comunicações. O ATC colocou-os em rota de colisão? De certa forma sim, porque não os instruiu, como seria a sua responsabilidade, que ocupassem a altitude planejada. Mas não se pode desconsiderar, como faz Sharkey, que os controladores foram induzidos a este erro simplesmente porque o transponder estava desligado. Não foi uma falha em seus procedimentos ou equipamentos. Ou seja, o erro do ATC em não solicitar que a aeronave alterasse a altitude foi induzido pela incompetência da tripulação em operar corretamente os instrumentos e fez com que o ATC acreditasse que o Legacy já estaria na altitude correta. O ATC não errou em colocar o Legacy na altitude errada, ele errou ao acreditar que o Legacy já estaria na altitude correta. Não se pode admitir que o erro de desligar o transponder possa ser menor do que o do ATC em não perceber que o Legacy não seguia o plano de voo planejado.

Sharkey insiste que os pilotos não desligaram intencionalmente o transponder e que ele pode ter falhado, embora isto não tenha sido provado pelos testes que foram feitos com ele. O que importa isto? Este equipamento, essencial para o ATC controlar o voo, ficou desativado por quase uma hora sem que a tripulação percebesse! Por que o erro da tripulação de não perceber o desligamento é menor do que o erro do ATC não perceber que o Legacy não seguia o plano de voo? O ATC monitora a aeronave através do seu sinal de transponder, é para isto que ele existe. Além disso, a tripulação também não percebeu em momento algum que estava trafegando na “contramão”. Como é possível considerar que esta tripulação não tenha tido a maior responsabilidade deste acidente por sua evidente imperícia em operar os instrumentos e completa ausência de consciência situacional de que estavam trafegando na “contramão”.

O ATC brasileiro poderia ter superado todas estas falhas da tripulação? Sim, sem dúvida, mas este é um país pobre, com problemas muitos mais graves para serem tratados do que investir na cobertura de radares e sistemas de controle de voos em regiões completamente desabitadas como a Amazonia, simplesmente para superar desligamentos de transponders.

Ou seja, Sharkey não mente em suas afirmativas, mas através de muitas verdades não diretamente associadas ao acidente, constrói a grande mentira que o Controle de Tráfego Aéreo brasileiro foi o responsável por este trágico acidente aéreo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

As mentiras continuam

Em 26 de setembro completaram-se 3 anos do acidente do voo Gol 1907, e também agora foi divulgado que inquérito sobre o acidente com o voo Tam 3054 foi concluido sem apontar culpados. Este blog nasceu logo após o acidente da Tam em resposta às mentiras, insultos e incorreções do blog de Joe Sharkey sobre o Controle de Tráfego Aéreo (ATC) brasileiro. Hoje, se formos rever o meu primeiro post veremos que eu estava bem mais próximo da verdade do que o Sharkey.

Sharkey ainda repete as mesmas mentiras que divulgou logo após o acidente da Gol, entretanto, hoje a verdade está clara. Continua afirmando que o Legacy voava na altitude incorreta por orientação do ATC, quando todos sabem que foi o desligamento do transponder quando a aeronave passava por Brasília, por imperícia da tripulação, que confundiu os controladores que por isto passaram a trabalhar com a hipótese, incorreta, de que a aeronave estaria seguindo o plano de voo planejado. Imaginaram que a ausência do seu sinal era um problema trivial e costumeiro. Se o transponder não tivesse sido desligado neste momento, o ATC, com absoluta certeza, teria solicitado que a aeronave ocupasse o nível planejado para o trecho de Brasília a Manaus. Sharkey analisa o transponder somente como o instrumento que evita colisões e se omite esclarecendo que o transponder informa ao ATC a altitude da aeronave, o que lhe permite o efetivo controle do tráfego aéreo. A ausência de consciência situacional da tripulação fez com que durante quase uma hora não percebesse que o equipamento estava desativado e que a altitude que voavam era incompatível com as regras da aerovia, conforme indicado claramente nas cartas aeronáuticas. Contribui para as mentiras e omissões de Sharkey o fato que o órgão americano que apura acidentes aéreos – NTSB – afirmar, prejulgando as causas do acidente, que a responsabilidade da altitude de voo é sempre, e sob quaisquer circunstâncias, do ATC, não importa que erros cometam as tripulações. Não importa que desliguem o equipamento que informa ao ATC a altitude real da aeronave. Este pressuposto só pode ser entendido pela defesa incondicional e irracional de seus compatriotas e empresas americanas e não com a preocupação com a segurança da aviação civil.

Quanto ao acidente da Tam, também utilizado por Sharkey, também fica claro que a sua única e exclusiva causa foi o posicionamento incorreto da manete, mesmo que isto não tenha sido cabalmente demonstrado nas perícias e esteja baseado somente em registros da caixa-preta. A análise das peças foi inconclusiva quanto à sua posição devido aos danos sofridos.