“O nível a ser observado de acordo com o plano de vôo, era o F360. Essa informação, de que já tinha conhecimento o denunciado JOMARCELO FERNANDES DOS SANTOS, porquanto constava na strip (resumo do plano de vôo) que é permanentemente exibida no lado direito do monitor do console, ficou ainda mais nítida para o controlador, na medida em que passou a ser assinalada na etiqueta que, também no monitor, identifica e acompanha o marcador de posição da aeronave”.Mas o juíz aceitou os seguinte argumentos em favor da absolvição de JOMARCELO:
“Tais procedimentos mostravam-se ainda mais cogentes ao denunciado JOMARCELO FERNANDES DOS SANTOS, quando se tem presente que, como já ressaltado, ele sabia que a aeronave N600XL mantinha nível de cruzeiro incompatível com o plano de vôo e impróprio para o sentido a ser percorrido na aerovia UZ6”.
"O denunciado JOMARCELO FERNANDES DOS SANTOS absteve-se dolosamente de corrigir a altitude da aeronave N600XL, sabendo-a em patamar impróprio para a rota programada".
“(1) Jomarcelo, na época do acidente, contava apenas 09 meses de serviço e foi incumbido de controlar três setores; (2) o depoimento da testemunha Wellington Rodrigues, controlador de vôo cuja experiência é reconhecida internacionalmente, dá conta das precárias condições intelectuais de Jomarcelo para desempenho de função tão importante, uma pessoa "que não tinha condições de ser controlador, que fala maio português e, quanto ao inglês, "nem se fale"; (3) os controladores de vôo no Brasil nunca foram submetidos a uma auditoria técnica conduzida por um organismo internacional (ICAO); (4) não é verdade que o acusado teve informação precisa da evolução do Legacy durante sete minutos; (5) a seqüência de mais de vinte telas permite que se observe a progressão de visualização e não visualização do Legacy, quando rastreado pelo radar primário, configurando intermitência de falhas de comunicação”.Agora vejam a tela que Jomarcelo tinha à sua frente alguns minutos antes de o Legacy passar por Brasília, quando estava prevista a descida de FL370 para FL360, e coloquem-se na sua posição (cliquem sobre ela para vê-la ampliada). Observem as strips dos voos no lado direito da tela mencionadas na denúncia. Observem as etiquetas de identificação dos voos sobre cada aeronave. Vejam se Jomarcelo poderia ter algum conhecimento que naquele ponto o Legacy teria uma inexplicável mudança de altitude. Identifiquem qual é o único voo em que há variação inexplicável na altitude de cruzeiro. Vejam se é admissível a denúncia: "sabendo-a em patamar impróprio para a rota programada". Vejam se a denuncia faz algum sentido em função da realidade que se apresentava neste momento:
Depois de consultar a tela do radar, reflitam agora sobre a denúncia e observem como se trata de um grande absurdo a acusação que foi feita a ele. Levem em conta que nenhum voo faz mudanças de níveis imotivadas. Levem em conta que nenhum voo faz a aeronave subir e descer deste modo como foi planejado para o Legacy (vejam Mais uma vez falta nexo causal). Reflitam como um juiz, pode ser tão, não encontro outra palavra, ignorante, ao não entender os processos decisórios e cognitivos envolvidos nestes momentos.
Não importa as condições intelectuais de Jomarcelo, não importa se ele fala mal português e não fale inglês. Assim como ele, o Sr. Wellington Rodrigues, com toda a sua experiência e sabedoria, não tenho a menor dúvida, teria agido exatamente e igualmente como o inexperiente Jomarcelo que não anteviu o perigo e igualmente deixaria as aeronaves em trajetórias conflitantes.
Lembre-se que neste momento as aeronaves estavam 2.000Km distantes uma da outra. Ou seja, nem mesmo estavam presentes na mesma região. Seria exigir um comportamento sobre-humano evitar esta situação.
Mas se o transponder estivesse ligado, como era esperado, Jomarcelo quando tivesse sua atenção voltada para o Legacy (quando houvesse tráfego em sua proximidade), ele seria auxiliado pelo sistema informatizado que suporta suas atividades e veria claramente na etiqueta do voo 360=370, alertando-o para solicitar que o Legacy descesse para F360. O acidente jamais teria acontecido, assim como não aconteceu nos milhares de voos que o inexperiente Jomarcelo conduziu em segurança em seus breves 9 meses de serviço. O "sistema" falhou porque o transponder foi desligado, se é possível dizer isso. A "falha" do sistema foi não se recuperar de um desligamento do transponder.
Digam agora: quem é o culpado deste acidente?