domingo, 13 de julho de 2008

Um ano do acidente da TAM

Agora que se passou um ano do acidente da TAM, a revista Veja continua com suas pérolas da aviação. Nesta semana ela repete a piada do “atoleiro” de aviões como a solução que teria salvado o Airbus da TAM. Se alguém quiser mais detalhes sobre este tema veja meu post Congonhas sempre teve área de escape e não sabíamos. Veja diz: “O ideal seria instalar na área de escape um piso especial que ajuda a frear aviões que enfrentam problemas na aterrissagem e acabam parando fora da pista. Feito com um concreto poroso, que vai se desfazendo conforme as rodas do avião passam por ele, o piso consegue reter aeronaves que estejam a até 140 quilômetros por hora. Instalado em mais de vinte aeroportos no mundo, o sistema já evitou cinco tragédias”. Veja não explica porque apenas vinte aeroportos no mundo tem o atoleiro. Curioso não é? Algo que não é novo, e já que seria “ideal”, porque não é largamente utilizado em todo mundo? O sistema já evitou a quantidade incrível de cinco tragédias? Porque não é bem assim como a Veja diz. Vejam o meu post a que me referi onde tem-se mais detalhes. Nas tragédias, que segundo a Veja foram evitadas, os aviões não estavam a 140 km/h, foram acidentes em que simplesmente os aviões ultrapassaram o final da pista a baixa velocidade, como já aconteceu centenas de vezes. Este atoleiro só tem a finalidade de provocar menos danos aos aviões e tem pouco efeito se a velocidade for alta. Nestes casos rompem-se os trens de pouso no atoleiro, as turbinas e asas são arrancadas e ocorre uma grande explosão e segue-se um incêndio de grandes proporções. Portanto este atoleiro não evita nenhuma tragédia. É claro que medidas de segurança são bem-vindas, mas esta tem custo elevadíssimo, não tem impacto significativo sobre os riscos, e imaginem quem vai pagar as contas destas obras. Por mais que se diga sobre o acidente da TAM ele só teve uma causa: a inexplicável posição dos manetes. Qualquer outra explicação, como os já famosos "fatores contribuintes" tem o mesmo poder explanatório do que dizer que se não houvesse curvas na estrada de Santos, os caminhões não derrapariam. É claro que se não estivesse chovendo, se o reverso não estivesse pinado, se a pista fosse maior, e assim por diante, o acidente não teria ocorrido. Mas por mais que se queira, vai continuar chovendo; mesmo que não se permita reversos pinados, milhares de outros fatores de risco continuarão a estar presentes; e a pista de Congonhas não vai ser aumentada, porque não é possível.

No mesmo artigo Veja acrescenta sobre o acidente da Gol: “Há naquele episódio outro aspecto peculiar: houve dificuldades na comunicação em inglês entre os pilotos do Legacy e os controladores. Esse é um risco real para todos os pilotos estrangeiros. A falta de domínio do idioma pelos controladores ficou evidente em um teste realizado no ano passado”. Mais um conjunto de verdades para construir uma grande mentira, ou seja a falta de domínio do idioma dos controladores e as dificuldades de comunicação entre os pilotos e controladores, o que é verdade, ajuda a construir a mentira que isto contribuiu para o acidente. No post Nossos controladores de vôo não falam bem inglês e inúmeros outros posts comento os problemas de língua neste episódio. As dificuldades na comunicação entre os pilotos do Legacy e os controladores foram em relação aos nomes das cidades de sua rota. Os pilotos não entenderam quando o controlador falou “Poços de Caldas”. Porque? Porque não conheciam seu plano de vôo, não sabiam o nome das cidades que passariam e só as conheciam por siglas. Por isto pergunto: nossos controladores aprenderão em seus cursos de inglês a falar Syrup Wells ao invés de Poços de Caldas?

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