quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Mais detalhes da liberação em S. José dos Campos

Como eu disse no post anterior a liberação em S.José foi muito confusa pelos motivos que eu já relatei, e será onde as discusões deste caso vão se concentrar e vai gerar muita controvérsia. Mais lembre-se, só houve confusão pelo despreparo do Lepore, se ele tivesse estudado 5 minutos o plano de vôo, isto não aconteceria.

Veja trecho do depoimento de Rufino Antonio Da Silva Ferreira, Presidente da Comissão de Investigação da Aeronáutica em Audiência Pública da CPI da Crise Do Sistema De Tráfego Aéreo, em 17/5/2007. Este depoimento é um pouco diferente do que consta do Inquérito Policial e eu já relatei - veja outros post. A confirmação do Lepore (cotejamento) não é igual. Enquanto não houver uma transcrição definitiva do diálogo não se pode dizer muita coisa, a não ser que deve haver erros mínimos de cada parte. Mas bastava Lepore confirmar se era para seguir o plano ou ele estava sendo alterado. Confirmar uma palavra apenas. A torre, acredito, nem poderia imaginar que ele não seguiria o plano.

- SR. RUFINO ANTONIO DA SILVA FERREIRA
[..] Outro ponto muito específico, muito comentado, que penso ser importante realçar, foi a clearence fornecida ao November 600XL. Eu reproduzi aqui fielmente o diálogo no momento em que foi fornecida essa clearence. Ela está em inglês porque foi fornecida em inglês. Então ele pergunta se ele está pronto para copiar a clearence. As afirmativas em azul são a aeronave e as em vermelho é o controle de tráfego aéreo. No caso, seria o solo de São José. Então, ele dá lá: “November six zero zero x-ray lima. ATC clearence to Eduardo Gomes... Flight level three seven zero... Direct Poços de Caldas; squawk transponder code four five seven four. After take-off performance of departure. Ao que ele responde: “Okay, sir. Havia um ruído que nessa transcrição não permitiu captar. Ele confirma: “Flight Level 370”. E confirma o squawk e a subida. Ele não copia o referente a Poços de Caldas. O que foi levantado com relação a essa clearence? Essa clearence realmente foi dada de forma incorreta. Ela foi dada incompleta, de acordo com as normas vigentes, com a IMA 100-12. Ela deveria ser mais específica quanto até onde deveria seguir essa autorização, até onde esse nível 370 deveria ser autorizado. Ou a prática seria “autorizado conforme o plano, ou “S filed”, no caso sendo uma fraseologia em inglês, aí, sim, o piloto poderia assumir que seria exatamente como o plano de vôo aprovado. Uma vez que isso não foi dado, ele deveria então estabelecer o limite dessa autorização. É também uma influência cultural dos nossos controladores que se dê normalmente o primeiro nível de uma rota, mesmo que haja outros níveis previstos. Mas eu vou me deter somente à regra. A IMA 100-12 prevê que se coloque claramente o limite do primeiro nível de vôo, ou se está de acordo conforme apresentado.
- SR. PRESIDENTE (Deputado Marcelo Castro) - Coronel, só para corrigir.Porque o senhor está falando em IMA e já é ICA. Senão o pessoal vai fazer confusão aqui.
- SR. RUFINO ANTONIO DA SILVA FERREIRA - Perfeitamente, Deputado.Agradeço muito a correção. Foi um lapso meu.

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